Algumas impressões sobre quebra-cabeças

Um review(?) e percepções sobre alguns quebra-cabeças que experimentei durante a quarentena do COVID-19.

Igor Santos
6 min readMay 29, 2020

TL;DR « sem tempo irmão, resume ae »

  • uma boa ideia pra decoração
  • milhares de opções, mas quase nada tem estoque
  • malditos marketplaces
  • as opções estrangeiras são lindas — e caríssimas de importar
  • Grow: legal, mas dava pra ter mais variedade de opções
  • Toyster: básico, dá pro gasto, mas pode transformar o passatempo de montagem num livro de baixa resolução do “Onde está o Wally”
  • P.S.: o título original era “micro-impressões”, mas fiquei sem sono — e sim, editores de texto permitem adicionar um post-scriptum no meio do texto, desculpe.

“Putz, outro who falando de hobbies da quarentena”

Er… quase isso. Eu já tinha uma vaga curiosidade com puzzles, mas nunca tive motivação. Enquanto isso, há alguns meses eu comecei a pensar em decoração na casa e a trocar uns quadros / ocupar umas parede vazias. Bem, eventualmente estava falando com um amigo que curte quebra-cabeças e pensei “ei, dá pra juntar os dois!”. Eu poderia comprar alguns puzzles de temáticas que me interessam, e depois pendurar na parede um diploma de “eu tenho paciência e acho isso aqui bonito”.

Comprando

Dali a pouco me vi navegando em sites aleatórios, vendo puzzles lindos de mil marcas — e com nomes difíceis. Mais um pouco e me toquei que a maioria dos puzzles que me agradavam eram importados — e caríssimos, obviamente.

Mas o mercado nacional também tem uma boa fartura de opções. Se você procurar nos ecommerces da vida há uma boa variedade, mas… quase todos sem estoque. Até no próprio site das fabricantes há inúmeras opções sem estoque ou previsão. Ué?

Algumas das opções disponíveis no site da Grow. Além de várias serem altos clichês, das 20 opções, só 5 estão em estoque — e 1000 peças é a categoria com mais variedade hein.

Sem contar a praga dos marketplaces ou sites de busca de preços enviesados. Sim, Americanas/Submarino/Zoom, estou falando de vocês. Eles geram uma infinidade de resultados que:

  • são repetidos mas eles não tem a capacidade de dizer “sim, são 30 fotos iguais então são 30 lojas vendendo o mesmo produto”, e
  • tem um frete absurdo (R$30 de produto e R$25 de entrega? sério?), ou
  • na verdade nem entregam no seu endereço, ou
  • nem tem estoque mas continuam aparecendo na lista de resultados — afinal, você pode assinar pra ser notificado se voltar em estoque, mas você sabe que não vai acontecer até você desistir de comprar.

Acabei comprando um só, pra “molhar o pé”. Deu certo, e comprei outros dois. Enquanto escrevo, eu estou na metade do segundo.

A primeira impressão: quebras-cabeças tem tiragem limitada? São sazonais? Exceto o da Mona Lisa, claro.

Montando

O primeiro quebra-cabeça foi uma escolha diferente, um tanto peculiar, e que teve um resultado inesperado: é uma caixa de temperos. Obviamente, existem opções da mesma temática muito mais bonitos lá fora. Mas tive que me contentar com um monte de pós e grãos de diferentes tamanhos ¯\_(ツ)_/¯

Sério, de todos os quebra-cabeças de temperos e afins que eu vi, o da Grow era provavelmente o único que praticamente só tinha pó, farinha, e grãos de pimenta. Sério, tem uns 5 tons de pó amarelo diferentes! E acho que tem uns três pares de condimentos repetidos… Mas obviamente, as opções estrangeiras seriam praticamente impossíveis de comprar.

Bom, o fato é que, por ter diversas divisões com pequenos conteúdos, ele funcionou como vários mini-puzzles. Aquele meu amigo deu a dica nível Puzzle Basics: comece pelas bordas. Bem, eu tinha dúzias de bordas, então ótimo. Eu escolhia um montinho aleatório de peças parecidas, montava as bordinhas de madeira, e depois montava a parte de dentro. Por fim, ia juntando os bloquinhos e sucesso. Ficou lindo, postei foto, e logo vai pra parede.

Nesse primeiro puzzle eu “descobri” a estratégia de identificar a direção da peça e organizá-las pelo formato. Fica mais fácil de identificar onde elas podem se encaixar.

Qualidade

Depois disso eu comprei o segundo par de puzzles. Um é de praia (adoro sentar a bunda na areia), e o outro é do Dumbo (a fita cassete mais gasta da minha infância, com certeza). Ambos são da Toyster.

Bem, aquele meu amigo havia mencionado que não é muito legal comprar quebra-cabeças de marcas duvidosas ou muito baratos, pois a qualidade poderia ser ruim. Como eu queria mais alguns puzzles de qualquer forma, resolvi arriscar na tal da Toyster. Comprei.

Chegou o primeiro. Achei a caixa bem bolada, por ser mais econômica mas ainda assim ser bem selada — afinal, eu vou emoldurar depois, a caixa vai pro lixo e só serviria de referência.

Bem… serviria. A caixa é pequena (o que faz sentido pra um puzzle de 500 peças), mas a imagem não está completa! Faltam mais ou menos duas peças na esquerda ena direita, que não são mostradas na imagem, o que dificulta um bocado de montar essas partes. Ficou mais fácil procurar a imagem do puzzle na internet e usar de referência — e claro que tudo que encontrei foram JPGs de baixa qualidade.

Eu disse que a temática era de praia né? O nome da série é “Multidões”.
Boa sorte identificando onde está “esse banhista com o braço meio assim, pra cima” nesse imagem de baixa qualidade da internet — ou numa caixa pequena e com partes faltando. Tudo vira um monte de ponto disforme.

Variedade de peças

Ah, lembra da ideia genial de organizar as peças por formato? Nesse da Toyster essa estratégia simplesmente não funciona. Existem mais ou menos dois tipos de peças: as verticais e as horizontais. Elas sempre tem 2 entradas e 2 pinos na mesma direção. Eu reclamei que o da Grow não tinha variedade nos temperos, mas esse da Toyster não tem variedade nas peças!

Na prática, o quebra-cabeças da Toyster está me fazendo quebrar a cabeça com um passatempo que virou um “Onde Está o Wally”, e não um “onde isso encaixa”. Pego peça a peça e fico procurando algum detalhe dela nas duas imagens que tenho, e daí eu tento posicionar ela mais ou menos onde deve ficar na mesa, até ter alguma outra peça que se posicione ao lado dela.

“Onde está essa peça nessa praia cheia de barraquinhas?” — sim, eu peguei um lápis e passei a riscar as barracas que já tinha encontrado, pra facilitar de posicionar na mesa. Note que a caixa tem um selo de “alta qualidade” que demonstra um formato de peça que eles nem fazem.

Sério, eu adoro Wally, mas esse quebra-cabeças da Toyster virou quase uma mini-tortura de montar. Me pergunto se a marca e/ou a quantidade de peças definem a variedade das peças.

Qualidade de um puzzle não é só “papel-cartão barato” ou “impressão ruim”. Também é bom considerar a imagem de referência que você vai ter e a variedade das peças.

Outras marcas que possivelmente tem baixa variedade de peças:

  • EuroGraphics: conferir, pois as imagens de venda são falsas e podem mostrar só um tipo de peça [1, 2], mas nem sempre

Sério Toyster, façam uma caixa super simples, mas coloquem dentro um papel dobrado com a imagem grande de referência. Ajudaria muito.

Update: O Dumbo

Depois de duas semanas preso na Central de Entregas dos Correios, o Dumbo chegou. E é lindo ❤

A caixa é mais bem acabada: na frente a imagem ainda é cortada (e até um pouco diferente), mas atrás tem a imagem inteira (ao invés de ser um papelão sem nada). As peças também são no mesmo formato de sempre ter 2 entradas e 2 pinos (é assim que chama?), opostos, mas tive uma ligeira impressão de que há mais variedade nos pinos, o que dificulta você encaixar peças onde não devia.

E a imagem é mais bem elaborada também — o fundo tem um padrão que facilita encontrar a peça certa, os lados tem tons levemente diferentes, as estrelas na borda tem a mesma posição… Tudo facilita que você não perca tempo bancando o Wally.

“Poxa, mas o puzzle da praia era uma foto, não dava pra ser assim”. Mais ou menos. Tem muitas pessoas repetidas naquele mar. Dava pra editar a imagem mais um pouco e facilitar, sim 🤷🏻‍♂️

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Igor Santos

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